Economia
Angola e Zâmbia ligados por via férrea em breve
As Repúblicas de Angola e da Zâmbia vão estar ligadas via caminhos de ferro, nos próximos tempos, com a construção de um ramal novo, que parte de Benguela, no litoral sul de Angola, à Chingola, região da Zâmbia.
O acordo para a construção da via foi assinado em Nova Iorque, Estados Unidos da América, pelos Ministros dos Transportes de Angola e da Zâmbia, Ricardo Viegas D’Abreu e Frank Tayali respectivamente, com a empresa África Finance Corporation (AFC).
Tratam-se de acordos de concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação do projecto ferroviário de transformação, para o estabelecimento da ligação ferroviária entre Angola e a Zâmbia e, consequentemente, operacionalização do Corredor do Lobito.
Para o ministro Ricardo D’Abreu, o acordo ora assinado fecha o círculo do Corredor do Lobito, pelo facto de estabelecer a ligação a entre o Atlântico e o Índico.
O referido projecto prevê a construção de uma linha ferroviária inteiramente nova, de cerca de 800 km, para ligar o caminho de ferro de Benguela, em Luacano, Angola, à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola.
A Africa Finance Corporation (AFC) aparece como a promotora líder do projecto ferroviário Zâmbia – Angola (Lobito), em colaboração com o Governo dos Estados Unidos, a União Europeia, o Banco Africano de Desenvolvimento, e os governos de Angola, da República Democrática do Congo e da Zâmbia.
Prevê-se que a nova linha férrea a construir no âmbito dos acordos agora assinados crie benefícios económicos de aproximadamente três mil milhões de dólares para ambos os países, reduza as emissões atmosféricas em cerca de 300.000 toneladas por ano, e crie mais de 1.250 postos de trabalho durante a sua construção e as operações.
Segundo o ministro dos Transportes, o acordo assinado vai “estabelecer uma parceria com a Africa Finance Corporation neste projecto transformador, que vai aprofundar o papel de Angola enquanto centro logístico regional e impulsionar o comércio não só com a Zâmbia, mas com o resto do mundo”.
A ligação é tida como fundamental para a existência de um corredor comercial que facilite a circulação de mercadorias e promova investimentos na agricultura, na electicidade, na mineração, na saúde e nas infra-estruturas digitais.
O corredor do Lobito assume-se como a rota mais curta para as exportações e importações, ligando as principais regiões mineiras, os polos agrícolas e as empresas da Zâmbia e da RDC ao Porto do Lobito, como uma rota estratégica alternativa para os mercados internacionais de exportação da Zâmbia e da RDC.
Após a assinatura dos acordos de concessão, a AFC assinou também um acordo para receber um financiamento de 2 milhões de dólares da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos (USTDA), para a conclusão dos estudos ambientais e sociais do projecto.
Este financiamento é o primeiro com o qual a AFC aproveitará o financiamento da USTDA, facilitará avaliações de impacto ambiental e social (ESIA) abrangentes para garantir que o Projecto Ferroviário Angola (Lobito)/ Zâmbia esteja alinhado com as melhores práticas e padrões ambientais internacionais.
O Ministro dos Transportes, Ricardo Viegas D’Abreu, congratulou-se igualmente com a assinatura deste acordo, uma vez que “Angola tem muito a ganhar em termos de oportunidades de investimento e de reputação se em cada um dos seus projectos estruturantes seguir e implementar as melhores práticas internacionais no domínio da protecção ambiental”.
Os acordos foram assinados na terça-feira, durante uma cerimónia organizada pelo Secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, e pela Parceria do G-7 para a Infraestrutura e Investimento Global (PGI) da Administração Biden, à margem da 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU (AGNU 79).