Politica
Angola celebra Dia da Paz com um alerta do CEDESA sobre perigosidade nas fronteiras
Pela primeira vez, em 23 anos após a assinatura do acordo de paz entre o Governo e a UNITA, que pôs fim ao maior conflito militar da região austral de África, os angolanos celebram o 4 de Abril, Dia da Paz, sob um alerta atemorizante: O Estado Islâmico da África Oriental, que está “a pressionar Cabo Delgado”, em Moçambique, possivelmente “já estará implementado em Angola”, diz o CEDESA, que adverte ainda que, possivelmente, o M23 não se ficará na região em que está no momento, sendo que a situação poderá pressionar a fronteira angolana.
Há 23 anos morria Jonas Savimbi, o político e militar mais temível entre os angolanos nos finais do século passado. Embora seja o percursor da democracia angolana, dado que este era o ponto fulcral da divergência ideológica com o MPLA/Governo, a sua morte significou o calar das armas para o país.
E como resultado dessa paz, as autoridades, depois de um trabalho imenso de desminagem do país, puderam pôr em marcha a reconstrução de Angola, através de vários créditos do gigante asiático que, no geral, ultrapassam os 42 mil milhões de dólares, desde 2004.
Entretanto, diferente dos últimos 23 anos, em que os angolanos têm celebrado a paz com foco naquilo em que ainda deve ser melhorado, como as questões sociais, desde a saúde, educação, segurança alimentar, diversificação da economia, e maior distribuição da riqueza, desta vez, os angolanos comemoram a efeméride sob um alerta preocupante vindo da prestigiada consultora Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de África (CEDESA), que refere que as fronteiras de Angola estão “ameaçadas” com novo cenário de “absentismo” dos Estados Unidos da América em relação a África.
O Movimento 23 de Março, o grupo rebelde da República Democrática do Congo (RDC), que tem tomado o controle de diferentes capitais provinciais com a ajuda do exército do Ruanda, segundo as Nações Unidas, não ficará apenas pela RDC, segundo o CEDESA, que, por outro lado, sugere que o denominado Estado Islâmico da África Oriental, que está “a pressionar Cabo Delgado”, em Moçambique, possivelmente “já estará implementado em Angola”.
Entre outras nuances, os académicos do CEDESA consideram que, neste período que Angola já não conta com o apoio claro dos EUA, como o tinha com a Administração do democrata Joe Biden, “forçosamente, a redefinição do sistema internacional em curso levará país a uma necessidade de reforço da sua unidade interna e possivelmente ao incremento [e revisão] da sua doutrina de segurança nacional para combater ameaças à estabilidade do Estado e às suas fronteiras”.
Porém, apesar do aterrorizante aviso, as autoridades angolanas ainda não reagiram, e mantêm tranquilamente o roteiro das festividades. Por exemplo, a entrega de Medalha dos 50 anos da Independência Nacional, que se assinala a 11 de Novembro, deverá ser entregue a um primeiro grupo de cidadãos nacionais nesta sexta-feira, 4 de Abril.
A iniciativa, de acordo com as autoridades, visa reconhecer cidadãos, entidades, singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado contributos relevantes para o alcance da independência nacional, sua preservação e desenvolvimento nacional e contempla, também, a atribuição de condecoração a título póstumo.
As medalhas, todas elas douradas, apresentam imagens dos lugares representativos de Angola, de acordo com o logotipo das celebrações.