Mbuandja na Kianda
André Soma e Tany Narciso, simbolos da banalização da política partidária
Adriano Mendes de Carvalho, filho do dirigente histórico dos camaradas, André Mendes de Carvalho mexeu, finalmente, o seu pelouro após completar seis meses afrente do Governo da Província de Luanda.
Nomeado por João Gonçalves Lourenço, no momento em que o Presidente da República esteve a organizar o seu “staff”, Adriano levou muito tempo para formar o seu grupo de trabalho, segundo alguma corrente nacional, defesa que partilhamos, embora fá-lo seis meses depois, entendemos que nalguns casos fez bem. Aliás, diz um velho adágio que “ mais vale tarde do que nunca”! É sobre algumas mexidas e manutenções que queremos falar, especificamente a exoneração, bem feita em nosso entender, de André Soma, do cargo de Director Provincial da Educação de Luanda.
Porém, quanto a sua nomeação ao cargo de Administrador de Viana somos de uma opinião contrária àquela. Bastante contrária, cujos motivos falaremos já a seguir. Outro dado que chama a nossa atenção prende-se com a recondução de Tani Narciso, no Cazenga.
Mas, vamos as nossas justificações:
André Soma foi até a data da sua exoneração e simultânea nomeação, um dos dirigentes angolanos com mais tempo num cargo público, mais de vinte anos afrente da educação em Luanda.
No seu incompreensível e longo consolado alguma avaliação, do ponto de vista de desempenho, foi feita e esta na dimensão do destinatário do seu serviço – o público – é extremamente negativo.
Mesmo sem guerra em Luanda, que pudesse destruir e/ou impedir todas as infraestruturas escolares, a semelhança das demais províncias de Angola, Luanda esteve sempre afrente da lista de crianças fora do sistema normal de ensino. Para dar exemplo, em 2018, dezasseis anos depois do alcance da paz efectiva, a capital angolana deixou mais 160 mil crianças (dados oficiais e com maior probabilidade de sonegação) fora do sistema normal de ensino por falta de escolas, mesmo com as avultadas somas de dinheiro que, todos sabemos, têm sido gastos para a construção de escolas em Luanda, sob gestão do agora administrador de Viana.
André Soma esteve ainda na base da oficialização do ensino privado em Angola, sendo Luanda o projecto piloto do negócio que, desde já, assumiu um caracter exclusivo. Ou seja, um projecto que visou e ainda visa somente o lucro.
Aliás, é assim que o mesmo – André Soma – conseguiu construir e colocar em funcionamento, em Luanda, por exemplo, muitas escolas privadas (colégios) e comparticipadas (em que trabalham professores retirados dos quadros do ministério e o mesmo fica com todo o dinheiro pago pelos alunos em gesto de propinas), com qualidade de ensino reconhecidamente deplorável.
Por outro lado, André Soma participou, consideravelmente, no projecto da reforma educativa que, como sabemos todos, é culpado da débil qualidade de ensino implantado em Angola em todos os níveis de ensino.
Ademais, a turbo docência e a monodocência têm na sua génese força de André Soma – lembrar sempre que Luanda funcionou, nestes termos, como projeto-piloto – sem esquecer os esquemas, quase que tradicionais, na contratação de novos professores.
Mais do que isso, André Soma, contribuiu na proliferação da “bufaria” e traição entre sindicalistas afectos ao Ministério da Educação bem como o surgimento, para defender os seus interesses pessoais, muitas organizações sindicais com vista, a contrapor as posições do SINPROF, a tradicional organização defensora dos direitos dos professores. (embora aqui tem tido cumplicidade do seu partido o mal que causou ao País é superior do que o bem que terá conseguido a favor dos interesses de alguns).
Quanto ao Tani Narciso pouco ou nada podemos avançar, pois, o Cazenga, Município que com nostalgia falamos, é dirigido sem nenhuma estratégia a olhar os inúmeros problemas básicos que apresenta.
A água potável continua a ser uma miragem, a energia eléctrica, idem, saneamento dos piores de Luanda, ruas e outras vias públicas intransitáveis em quase todo o Município, habitações improprias paras seres humanos, lazer impraticável por ausência de quase tudo, em fim, no Cazenga a vida é proibida mesmo com os mais de dez anos de administração de Tani Narciso. Ainda assim, o homem continua lá em função dos pactos dos seus co-legionários e devedores de favores quer a si quer a sua família.
Narciso é acusado, por exemplo de montar um sistema fiscal que gira em torno da sua pessoa e sua família. De criar empresas familiares para cuidar interesses da administração. Como exemplo, cita-se a empresa dos pronto socorro que abusivamente actua no Cazenga cujas receitas que arrecada são depositadas na conta da mesma empresa.
Tani Narciso para administrar é uma figura inexistente e ainda assim é reconduzido contra todas as espectativas daqueles que, pelo menos, têm noção de administração. É uma recondução politicamente “estúpida”, infundada e que não encontra argumento algum, pelo menos no campo das competências profissionais, políticas para que ocorresse. Somente a tendência de prejudicar a maior em detrimento de alguns pode justificar os dez anos que dirige Cazenga e os outros cinco que, lamentavelmente, acaba de ganhar.
Em fim, o histórico de André Soma está rechiado de elementos que para avaliação de desempenho técnico e político não reúne, hoje, elementos tendentes a sua promoção. O mesmo serve a Tani Narciso. Não é em vão que jovens marcharam recentemente contra a sua gestão e recebem hoje uma mensagem que certifica a ideia de que quanto mais incompetente mas nepotista fores mais tempo tens para ficar afrente das organizações sob égide das autoridades governamentais.
É o mesmo que dizer que a nomeação destas duas individualidades demonstra e autentica a banalização da política partidária em Angola porquanto não tiveram nem avaliação técnica favorável nem política.