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ANC: “não somos um partido político, somos um movimento de libertação”, diz Magashule

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O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla inglesa), Ace Magashule, defendeu, nesta sexta-feira, 13, expropriações de terras e a nacionalização do banco central, caso contrário o partido no poder na África do Sul “não é um movimento de libertação”.

“O ANC não é um movimento de libertação se não nacionalizar o banco central e expropriar terras”, disse Ace Magashule, a centenas de simpatizantes e dirigentes políticos do partido, num comício improvisado em Bloemfontein, centro do país, após a sua primeira comparência em tribunal por alegada fraude e corrupção.

“Não somos um partido político, somos um movimento de libertação”, frisou Magashule.

O secretário-geral do partido no poder na África do Sul, defendeu que “o ANC foi infiltrado por elementos que foram cooptados e que foram espiões do regime do ‘apartheid’ no passado”.

“O ANC foi fundado aqui em Mangaung [municipalidade que governa Bloemfontein]”, sublinhou, numa referência directa à reeleição de Jacob Zuma como líder do ANC em Mangaung em Dezembro de 2012.

Zuma, que liderou o ANC até à vitória nas eleições gerais de 2009, sendo eleito presidente da África do Sul, foi pressionado a abdicar do cargo em Fevereiro de 2018 após a eleição de Cyril Ramaphosa, em Dezembro de 2017, para suceder Zuma como presidente do ANC na conferência nacional do partido em NasrecJoanesburgo.

Em Outubro de 2019, Ramaphosa afirmou que a corrupção no mandato de Jacob Zuma custou aos cofres do Estado sul-africano mais de 500 mil milhões de rands (27,1 mil milhões de euros).

“Numa revolução, há também uma contrarrevolução“, declarou Magashule, recordando: “Fui eleito pelas estruturas e pela conferência nacional do partido, ninguém nos pode demover do ANC, fiz parte da luta contra o ‘apartheid’ e o colonialismo”.

Ace Magashule acusou a direcção do partido no poder, presidido pelo Presidente Cyril Ramaphosa, de estar a “dividir” a organização política.

“Não estou ao serviço do capital branco, não sou um nativo, não sou não-europeu, não sou não-branco, não sou bantu, não sou negro, sou africano”, adiantou Magashule.

“Sou africano e também não sou racista”, frisou.

De acordo com o dirigente político sul-africano, que se considerou “veterano” da luta de libertação nacional, “quando há divisões no ANC, tentamos unir as pessoas e não atear ainda mais o fogo”.

“Na altura certa, vou dar a conhecer o que é corrupção [no ANC]”, frisou Ace Magashule a centenas de simpatizantes junto do tribunal de Bloemfontein, que se deslocaram em autocarros de várias províncias do país e queimaram camisolas do ANC em protesto contra a incriminação do líder em alegada fraude e corrupção no governo provincial do Estado Livre.

Antes, um dos quadros da organização disse que o país necessita de uma “transformação radical e imediata”.

“A única solução para os nossos problemas é através da subida à presidência do nosso secretário-geral”, advogou.

O presidente do ANC, Cyril Ramaphosa, a vice-secretária-geral Jessie Duarte e o tesoureiro do partido no poder, Paul Mashatile, estiveram ausentes do comício improvisado do secretário-geral do Congresso Nacional Africano.

Ace Magashule, 61 anos, ex-membro do antigo braço armado do ANC ‘Umkhonto we Sizwe‘ e ex-governador do partido no poder na província do Estado Livre, centro do país, é acusado de 21 crimes, por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro, num caso relacionado com a atribuição de um contrato de auditoria de amianto na ordem de 255 milhões de rands (13,5 milhões de euros), em 2014, naquela província do centro país.

O tribunal de Bloemfontein concedeu hoje a liberdade condicional ao secretário-geral do ANC mediante o pagamento de uma fiança de 200.00 rands (1.082 euros), anunciou o magistrado Amos Moos.

Por Lusa




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