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ANC discute “partida antecipada” do Presidente sul-africano
O Congresso Nacional Africano (ANC, partido no poder na África do Sul) confirmou hoje estar a discutir a “partida antecipada” do controverso chefe de Estado sul-africano, Jacob Zuma, sem, porém, indicar qualquer data para uma decisão.
“Consensualizámos que o tema está nas mãos dos responsáveis (do ANC), o Presidente Zuma e o presidente do partido (Cyril) Ramaphosa. Não há qualquer data limite”, afirmou à imprensa o secretário-geral do ANC, Ace Magashule.
“Não há uma decisão tomada para demitir Jacob Zuma. Não há um prazo. Não funcionamos dessa forma (…). Temos de dar tempo ao ANC para discutir os problemas. Não tomamos uma decisão para dizer que o Presidente Zuma deve partir ou o Presidente Zuma deve ficar”, acrescentou.
Magashule afirmou que o ANC “está decidido a reganhar a legitimidade moral” e que “entrou num novo período de renovação”.
“Defendemos que, onde existe corrupção, a justiça deve seguir o seu curso”, frisou Magashule, ele próprio implicado, tal como Zuma, nas investigações sobre corrupção.
No poder desde o fim oficial do regime de segregação racial (“apartheid”), em 1994, o ANC tem visto a sua popularidade descer nos últimos anos, minado por acusações de corrupção que pesam sobre Zuma e pelas persistentes dificuldades económicas.
Em dezembro último, Jacob Zuma foi afastado da presidência do ANC pelo atual vice-presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, depois de uma campanha em que fez do combate à corrupção a sua bandeira.
Segundo analistas citados pela agência noticiosa France-Presse, Ramaphosa quer ver-se livre de Zuma o mais rapidamente possível, para permitir que o ANC possa reconquistar o eleitorado nas eleições legislativas de 2019.
Em caso de vitória do ANC, Ramaphosa tornar-se-á Presidente da África do Sul.
Independentemente das questões internas, Ramaphosa tem pela frente a necessidade de resgatar uma economia em crise e convencer os desiludidos com as promessas de melhores condições de vida pós-apartheid.
Após 23 anos de poder do ANC, a percentagem de sul-africanos que vive abaixo do limitar da pobreza subiu para 55% e o desemprego para 28%, afetando sobretudo a maioria negra, que também é a mais desamparada no acesso ao ensino e a cuidados de saúde, que vive maioritariamente nas cidades-satélite, sem água e sem eletricidade.