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Alemanha: ministro das Finanças demitido por quebra de confiança

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O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou na noite desta quarta-feira, a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, por ter quebrado a sua confiança por diversas vezes.

Christian Lindner, ministro das Finanças é líder do Partido Liberal Democrata (FDP) que fez coligação tripartida com SPD (Partido Social-Democrata) e os Verdes. As divergências internas na coligação vinham aumentando nos últimos dias devido a divergências nas políticas económicas e, agora, colocam o executivo num estado de incerteza.

“Gostaria de vos ter poupado a esta difícil decisão, especialmente em tempos como estes, em que a incerteza está a aumentar. “Quebrou a minha confiança demasiadas vezes”, sublinhou Scholz, acusando o líder do FDP de priorizar os interesses do seu partido em detrimento das políticas necessárias para o país.

A decisão foi tomada num contexto de desentendimentos sobre como relançar a economia alemã, que se encontra num estado caracterizado por um défice orçamental de mil milhões de euros projectado para 2025.

As reuniões entre os líderes da coligação revelaram profundas divergências nas estratégias a adotar, tornando inviável a manutenção de Lindner no cargo.

O impacto político da demissão levou Scholz a anunciar que pedirá um voto de confiança no Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, no próximo dia 15 de Janeiro. Este voto é amplamente visto como um passo para eleições antecipadas em Março, pois a expectativa é que Scholz não obtenha apoio suficiente para continuar a governar.

Robert Habeck, vice-chanceler e ministro da Economia, comentou a demissão de Lindner, destacando a necessidade de eleições antecipadas: “Vamos agora iniciar um caminho para novas eleições ordenadas”, disse. Contudo, Habeck garantiu que o governo continuará a exercer as suas funções com responsabilidade e compromisso até ao momento em que seja possível uma transição.

“Estamos determinados a cumprir plenamente os deveres do cargo e a proporcionar a estabilidade que a Alemanha pode e deve oferecer na Europa”, afirmou.

A “coligação do semáforo” enfrenta, assim, um teste crucial. As diferenças entre os seus membros sobre as medidas económicas e orçamentais, especialmente num período de estagnação económica, revelaram-se insuperáveis. Enquanto o SPD de Scholz e os Verdes de Habeck favorecem uma abordagem de estímulos à economia e políticas mais abrangentes de sustentabilidade, o FDP de Lindner defendia cortes orçamentais e políticas fiscais conservadoras, resultando num impasse.

As lutas internas, que se arrastaram durante semanas, suscitaram preocupações sobre a estabilidade do governo. Muitos alemães questionam agora se a coligação conseguirá manter-se em funções até às eleições previstas para daqui a 11 meses. A crise política na Alemanha pode ter implicações significativas para a Europa, que conta com o país como um pilar de estabilidade e liderança em tempos de incerteza.

A demissão de Christian Lindner marca, sem dúvida, um ponto de viragem na política alemã e pode representar o princípio do fim da actual aliança governativa.

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