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Aldeões da Funda vivem drama social
Uma população privada de bens de primeira necessidade (energia, água potável, saneamento básico, escola e hospital), assim é o povo de Kuta, Kilunda e Terra Branca, na Comuna da Funda, no município de Cacuaco, parcela do território nacional, administrado pelo militante do MPLA Carlos Cavuquila.
A Funda é uma zona onde a gravidez precoce e a escravidão é vivida por mulheres e crianças.
Tal como Cristina Soares, moradora da Kilunda, outras mulheres vivem o drama da escravidão, por parte dos esposos, com trabalhos forçados diários no campo.
Tina, como é conhecida, conta que é a terceira esposa e que sofre violência psicológica e verbal do homem com quem tem dois filhos menores.
A entrevistada explica que trabalha de Segunda a Sábado na lavra do companheiro e não aufere nada. Por ser a terceira mulher tem a responsabilidade de trabalhar para ele e as demais esposas. Além da lavra vai ao mercado fazer compras para casa da primeira esposa. Cristina tem apenas o Domingo para trabalhar na sua lavra onde sai o sustento dela e dos quatro filhos.
Margarida Benedito, camponesa e moradora da aldeia do Kuta, diz viver o mesmo drama que outras mulheres com trabalho do campo sem descanso, onde o lucro não é visível. “Vivemos mal aqui, nossas crianças não têm escola, os hospitais são postos médicos privados e aqui não temos transportes públicos, tenho um filho que não estuda mais por que não temos escola do ensino médio aqui no Kuta”.
Gravidez Precoce também….
Outro mal vivido pelos aldeões é a gravidez precoce, adolescentes com 12 e 14 anos conhecem o drama de ser mães sem experiencia, e sem condições, de vida.
Fausta Benedito, de 14 anos, diz que engravidou-se aos 13 porque não ia à escola e passava o dia em casa ou na lavra. Começou a namorar e depois sem engravidou dum rapaz de 16 anos.
Hoje, a menor arrepende-se e depende dos pais para sustentar o filho de um anos e três meses. “Eu gostaria de voltar a estudar, estudei apenas até a 2ª classe, não sei ler nem escrever, tinha o sonho de ser professora”, avançou.
Energia eléctrica e Águas Potável
O “calcanhar de Aquiles” que as populações daquela parcela do município de Cacuaco enfrentam. A equipa de reportagem do CORREIOKIANDA constatou as condições precárias que as populações das comunas da Kilunda, Kuta e Terra Branca vivem. A comunidade vive na maioria da agricultura de subsistência, onde adultos jovens e crianças trabalham para o sustento.
A energia não é conhecida pela população destas aldeias, a água corre apenas em chafarizes, implementado pela Administração local, liderada por Carlos Cavuquila.
Escola
Na aldeia da Kilunda, por exemplo, existe apenas uma única escola, mas de ensino particular onde as propinas variam de mil a três mil Kwanzas. E a escola fica a quase um quilómetro de distância das zonas povoadas. As crianças que frequentam a escola precisam acordar três horas antes do normal, levam em média duas horas, de ida e volta. Uma vez que nem sempre há dinheiro para o táxi. São zonas em que o transporte público não chega. Dependem unicamente de transportes privados, motos, vulgo Kupapatas.
Hospitais e Estradas
A população depende unicamente de centros médicos privados, e se o caso for grave precisa de se deslocar até ao hospital municipal. A Funda conta apenas com um centro materno infantil, que enfrenta grandes dificuldades no atendimento: falta de materiais gastáveis e pessoal qualificado, o centro carece de médicos especializados e trabalham apenas com enfermeiros o que não acode a demanda que, diariamente, o hospital recebe.
Nas três aldeias visitadas, o asfalto não é conhecido pelos populares, apenas poeira é o único companheiro dos habitantes locais.