Opinião
Ainda faltam os outros (cerca) 25 milhões
Por: Reginaldo Silva
Em vez de estarem realmente preocupados com a possibilidade mais do que real do país ter sido vitima de uma gigantesca burla, como todas as evidências apontavam, alguns juristas/analistas já estavam à procura no seu “direito científico” de argumentos para legitimarem esta operação, numa lógica que só se explica por “razões afectivas”, que foi o melhor eufemismo que encontramos para classificar a sua fidelidade política ao passado recente. Fidelidade foi um outro eufemismo que encontramos, para não utilizar o termo bajulação. Em abono da verdade era de “fidelidade canina” que gostaríamos de falar.
Só faltou ouví-los dizer que o anterior PR/TPE poderia fazer o que bem lhe desse na real gana, não podendo por tal exercício ser responsabilizado.
Em abono da verdade chegaram mesmo a dizê-lo, ignorando, nomeadamente, que em democracia a responsabilidade política é um conceito chave que vincula todos os titulares dos orgãos de soberania, mas não só.
Este tipo de responsabilidade tem de ter, óbviamente, consequências práticas, sendo a demissão a mais conhecida delas.
Estou convencido que do ponto de vista do direito natural não haveria qualquer dúvida em valorizarmos/defendermos primeiro o interesse nacional, sendo para mim claro que nesta “maka” o anterior Executivo, já praticamente em regime de gestão corrente, não tinha qualquer legitimidade para engajar o país numa tamanha “empreitada”, mesmo que ela tivesse outros contornos menos suspeitos. Se não houvesse gato escondido com o rabo de fora, era um daqueles “projectos” que tinha necessariamente de ser passado para a governação saída das eleições de 23 de Agosto.
Afinal de contas qual era a pressa?
Os “cientificos” vão-me dizer que a Constituição em vigôr não prevê a gestão corrente, sendo por isso uma falsa questão. Pois é. Verdadeiros são, contudo, os nossos 500 milhões que acabam de nos ser devolvidos.