Opinião
Agente Jota – um “herói” vivo e do nosso tempo
Nos primeiros dias de Outubro fomos surpreendidos, a nosso ver, com uma informação verdadeira, segundo a qual, Paulo de Almeida terá distinguido um agente da sua corporação colocado no Nambuangongo, isto na Província do Bengo.
A nossa surpresa (plural de cortesia) tem que ver, exactamente e em primeira instância, com a distinção, pois, como disse o “kota” Ismael Mateus aquando da divulgação da lista dos 35 jovens mais influentes da política nacional – o País, na generalidade, tem dificuldades em reconhecer o mérito, sacrifício e a abnegação dos seus filhos!
Sobre este “item”, felizmente, Paulo de Almeida, modéstia longe do discurso, tem estado a tomar decisões cuja profundidade e dimensão são assinaláveis. (Mas, sobre as decisões de Paulo de Almeida, pelo menos em tempo de crise, falaremos dentro de dias). Enquanto isso, avancemos à segunda justificativa!
A segunda surpresa prende-se, efectivamente, com aquilo que esteve na base da distinção. Os factos, actos praticados pelo agente Neto, que falaremos, de igual forma, lá mais para frente…
Por agora, importa referir que, como sabemos, a distinção é um acto de extrema importância, fundamentalmente no funcionalismo público, porquanto ajuda a melhorar os níveis de desempenho dos recursos humanos de quaisquer instituições.
Para mais, o gesto do número um da Polícia Nacional insufla, inquestionavelmente, de alegria o coração do contemplado e os do seu cordão paternal, pelo que, definitivamente, deve ser louvado como ele mesmo louvou o Neto.
Já agora, qual é a fundamentação para a merecida distinção?
Quais são os factos que justificam tal distinção?
Na verdade, quando tomamos conhecimento da história da Comuna de Quixico, em Nambuangongo, no Bengo, nada mais pensamos do que a manifestação de um sentimento pouco comum!
Aliás, ela resulta de um facto nunca visto em Angola, nunca relatado em África, pelo menos que tenha chegado ao nosso conhecimento.
É uma situação que vemos, apenas, nos filmes de Hollywood e não só. Lembrou-nos, sinceramente, a figura de “Xerife”, nos EUA, França, Inglaterra e outras partes do Ocidente que, como assistimos nos filmes policiais, basicamente desempenha funções policiais em zonas com elevado número de habitantes, daí a curiosidade…
Do histórico dessa figura acrescemos a sua noção secular que, segundo a Wikipédia livre (20.09.2020) “Xerife, aportuguesamento do termo [de origem inglesa] sheriff, é um oficial legal responsável por um condado. Na prática, a combinação específica de obrigações legais, políticas e cerimoniais de um xerife varia muito de país para país.
A palavra sheriff é uma contracção do termo “shire reeve”. Esse termo, do inglês antigo scīrgerefa, designava um oficial real responsável por manter a paz (“reeve”) ao longo de um condado ou município em nome do rei.
O termo foi preservado na Inglaterra, apesar da conquista normanda. A partir dos reinos anglo-saxões o termo se espalhou para vários outros países, num primeiro momento à Escócia, mais tarde para a Irlanda e os Estados Unidos.
Na maioria dos estados dos Estados Unidos, há um sheriff responsável pela aplicação da lei no condado, tanto em condados maiores, com mais de dez mil habitantes, quanto em condados menores, com menos de dez mil habitantes.
O departamento do sheriff normalmente administra todas as forças policiais sob sua jurisdição, bem como presídios, podendo abranger a parte de segurança nos transportes”.
Portanto, com as devidas correlações é de fácil entendimento que, o caso do Quixico, no Bengo, é de um valor, mesmo que no mero simbolismo, que ultrapassa, inclusive, o de muitos combatentes que fizeram e acabaram com à sangrenta guerra civil em Angola, salvo melhor opinião e com fundamentação a altura das exigências.
Em abono da verdade, o que o Neto faz é tão relevante que merece, não apenas o brotar destas letras, mas mais do que isso.
Merece, para o bom do País e do seu futuro, o reconhecimento de todas as formas, vindo dessa Angola que todos deveríamos amar, seguindo o seu exemplo.
Ser, durante um ano ou pouco mais do que isso, Comandante Comunal e ao mesmo tempo , Oficial Superior de Assistência (OSA), Sargento Dia (SD) e agente da mesma Unidade, ao mesmo tempo é mais do que uma obra digna, não apenas na visão de Paulo de Almeida (que já fez a sua parte e muito bem), mas de todos.
É um acto que não encontra espaço no “slogan” – “Amo o meu país e por ele dou tudo”. Não porque não conhecemos casos susceptíveis de comparação entre nós. Aliás, Neto, para nós, entra na história recente de Angola por ser o primeiro agente da Polícia Nacional que sozinho controla uma comuna inteira, como um autêntico xerife só visto nos filmes vindos do Ocidente!
É dos casos que devem constituir facto nacional e levo a esta consideração para que se perceba que, efectivamente, há sacrifícios feitos que ultrapassam vontades individuais.
Vontade de quem não pode gozar férias – porque a Unidade tinha que fechar. Vontade de quem não pode gozar folga e, por conseguinte, trabalhar todos os dias, incluindo aos Domingos e feriados, porque a substituição é impossível.
Vontade que em casa ou na Unidade a vida não muda porque tem que atender às solicitações dos cidadãos que, na verdade, já não conseguem distinguir o Neto Polícia do Neto pai de família e com direitos civis.
Enfim, a história de Neto deve ser aproveitada, a todos os níveis e alas, para que, de uma vez por todas, se passa a olhar gestos do género com “olhos de ver”.
Olhos que se existissem, hoje, o agente Neto estaria “repleto” de mensagens, louvores, elogios, presentes, visitas e felicitações de todos os extractos sociais, pois, preenche os requisitos para que seja considerado “UM HERÓI VIVO E DO NOSSO TEMPO” que, desde já, merece a nossa homenagem, admiração, valorização e o competente reconhecimento.
Parabéns, agente Neto.