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África do Sul: Jacob Zuma tenta sobreviver a uma moção de censura
Na quarta-feira, na festa em que celebrou 75 anos, Jacob Zuma disse aos seus convidados que não está agarrado à presidência da África do Sul. Enquanto a festa decorria, dezenas de milhares de pessoas juntaram-se em Pretória para exigir a sua demissão e do seu Governo. Mas o Presidente resiste e, esta quinta-feira, deixou claro que vai combater para minimizar o efeito de uma moção de censura que deverá ser votada no Parlamento nas próximas semanas.
A moção de censura, uma iniciativa do Movimento de Unidade Democrática (oposição), esteve marcada para 18 de Abril, mas a votação foi adiada para que o Tribunal Constitucional possa decidir se os deputados podem ou não usar o voto secreto, como quer a oposição. Zuma, nos argumentos que mandou para o Tribunal, argumentou que “não há nada na Constituição que diga que um chefe de Estado deva ser eleito ou derrubado por voto secreto”.
Teoricamente, a moção de censura pode interromper o mandato de Zuma, que termina em 2019. Mas os analistas dizem que este resultado é improvável — sobretudo se não houver votação secreta —, ainda que as perspectivas a longo prazo para o ANC parecem piorar. O partido está dividido sobre o que fazer em relação a Zuma.
O ex-presidente Sul Africano Thabo Mbeki apelou aos membros do ANC, o partido no poder, a votar com a sua consciência, a uma semana da moção de censura contra o chefe Estado.
Dois velhos rivais
Não é a primeira vez que os dois homens (Jacob Zuma e Thabo Mbeki) se enfrentaram. No final da conferência nacional de Polokwane do ANC em 2007, Thabo Mbeki foi forçado a deixar a presidência antes do final de seu mandato, depois de Jacob Zuma, ter conseguido impor-se à frente do partido, com o apoio de jovens e sindicatos.
Dois anos atrás, Thabo Mbeki havia demitido Jacob Zuma do cargo de vice-presidente do ANC, antes de ser perseguido pela justiça por estupro e corrupção.