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Economia

Afreximbank quer financiar economias africanas

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O presidente do Afreximbank, Benedit Oramah, disse, na quinta-feira, 18, que aquela instituição financeira tem uma linha de crédito de oito mil milhões de dólares para apoiar as economias africanas, bem como os 400 maiores bancos, com vista a dinamizar as trocas comerciais no continente berço.

Benedit Oramah fez estas declarações, durante o seu discurso no webinar realizado em Luanda, pelo Comité Pan-africano de Comércio e Investimento do Sector Privado (PAFTRAC), durante o qual aquela plataforma africana rubricou um memorando de entendimento com o governo angolano, para a operacionalização da Zona de Livre Comércio Continental Africano.

Consta dos objectivos do PAFTRAC, proporcionar uma plataforma para sintetizar e harmonizar as opiniões do sector privado africano sobre questões de comércio e investimento, servir de porta de diálogo sobre questões de comércio e investimentos entre os governos africanos e o sector privado para promover o crescimento do comércio extra e intra-africano e do investimento transfronteiriços e facilitar a investigação sobre questões comerciais e financiamento do comércio.

O presidente do Afreximbank, Benedit Oramah, começou o seu discurso destacando a importância da entrada em vigor da zona de comércio livre em África, a 1 de Janeiro de 2021, que “vai permitir que milhares de africanos saiam da pobreza e criar milhões de empregos para os africanos”. Para ele, a crise da pandemia que assola o mundo não retirou as oportunidades ao continente africano, pois “elas continuam acesas”.

O economista disse que a nomeação “da nossa irmã como directora-geral da organização mundial do comércio” se constituiu numa “promessa de que o sistema multilateral do comércio deverá se tornar mais equitativo e deverá ser orientado para o beneficio de todos, incluindo os próprios africanos”.

Sobre o memorando, Benedit Oramah, disse que o seu sucesso dependerá do engajamento que se deverá dar, pelos intervenientes, já que “o sector privado representa a cadeia de valores a nível nacional, regional e continental, e que deverão ser fundamentadas em boas politicas”, tendo reconhecido a existência de uma limitação de informação disponível ao sector privado, tanto a nível nacional, regional, sub-continental e continental.

Para ele, das várias limitações existentes, destaque para a “má organização do sector privado e que tem impedido uma participação muito mais eficaz”, bem como da “falta de confiança entre o sector privado e os governos”, uma situação, que se prevê o fim com a entrada em funcionamento do PAFTRAC, que se compromete em organizar o envolvimento do sector privado, o comercio e as politica das autoridades nacionais dos países do continente.

O objectivo final da PAFTRAC é o de fortalecer os sectores privado e público em todo o continente africano. Avançou ainda o comprometimento em apoiar com recursos para apoiar o governo angolano e no fomento do sector privado “para o desenvolvimento económico de África e impulsionar o sector económico angolano”.

Para tal, garantiu que o Exxinbank criou uma divisão africana dentro do banco, e que deverá disponibilizar 20 mil milhões de dólares para apoiar o comércio intra-africano, nos próximos quatro anos. Disse ainda que aquela instituição financeira tem em carteira projectos de apoio que deverão beneficiar 400 dos 600 bancos africanos para beneficiar da linha de crédito de oito mil milhões de dólares disponível.

Os desafios a que as economias se vêm mergulhadas, por conta da força que as moedas estrangeiras impedem o comércio regional, o sistema de pagamentos, bem como a liquidação de pagamentos vão igualmente beneficiar-se de um financiamento do Exximbank.

“O governo de Angola, sob liderança de sua excelência João Lourenço, pode ter a certeza, que vamos poder conectar o continente indiano ao continente africano, e isso será exequível, até mesmo economicamente viável”, garantiu, convidado por outro lado, o governo angolano e os empresários angolanos participem da feira a ser realizada, em breve, em Kigali no final deste ano, para qual “o pavilhão de angola será muito maior que aquele que vimos em 2018”.

Garantiu ainda estarem e negociações com o ministério da Indústria e Comércio, no sentido de permitir a participação de Angola no certame de Kigali, bem como no sentido de assegurar apoiar o sector privado de forma a tornar essa transformação possível, tendo, no entanto reconhecido que a parceria do governo de Angola com a PAFTRAC “de forma a assegurar que a voz do sector privado seja ouvida”.

Ao terminar, disse que a pretensão é de estabelecer os alicerces para todos os governos, fazer conexões entre os empresários africanos, e fazer com “que a voz dos homens de negócio angolanos se faça ouvir em todo o continente”.

Integração

O Vice-Presidente do PAFTRAC, Agostinho Kapaia, começou a sua intervenção apresentando dizendo que o Comité Pan-africano de Comércio e Investimentos no sector privado se constitui numa plataforma de unidades entre os governos africanos e o sector privado, com vista a encorajar uma contenção partilhada dos benefícios da politica do comercio e investimento e servir de veiculo das opiniões dos sectores privado africano.

“Pretendemos em Angola, integrar na plataforma, instituições e empresas lideres do sector privado com grande potencial de expansão no continente, associações e conselhos empresariais para explorem as oportunidades regionais e sub-regionais, câmaras de comércio, e demais parceiros estratégicos, instituições financeiras, envolvidos com questões de comércio e de investimento”, disse.

Ao governo angolano o Vice-Presidente da PAFTRAC pediu ajuda no sentido de estabelecer o desenvolvimento, operação integrada de longo prazo entre as partes, com foco no empresariado nacional e africano, no estabelecimento e consolidação do comércio entre os estados africanos.

“A nossa actuação local permitirá acompanhar o nosso dinamismo económico nacional, com vista a promover a produção nacional, tornando-a mais competitiva e potenciada, não só pela via do fomento e escoamento interno melhorado, mas também, por uma maior integração de Angola nos mercados nacionais”, disse Agostinho Kapaia.

Diversificação da economia

Já o Secretário de Estado do Comércio, Amadeu de Jesus Leitão, que esteve no evento a representar o governo angolano, prometeu apoio institucional à PAFTRAC “pois estamos convencidos sobre o importantíssimo papel que irá desempenhar na promoção e captação de investimentos no sector privado”.

Referiu ainda que o Governo de Angola está a trabalhar, “empenhadamente, para a diversificação da nossa economia, a fim de inverter o quadro de dependência do sector petrolífero, aumentar a produção nacional de bens e de serviços básicos, aumentar o leque de produtos exportáveis e contribuir desta forma para o aumento de empregos no nosso país”.

O governante considerou por outro lado, de “uma excelente notícia para o continente africano” a criação do Comité Pan-Africano de Comércio e Investimentos do Sector Privado, pelo facto de no seu entender ser uma plataforma que “deverá jogar um papel absolutamente chave na captação de investimentos para o sector privado ao nível do continente, mas, também, na promoção do comércio intra-africano”.

Amadeu Nunes disse ainda que o desenvolvimento do nosso continente e prosperidade dos seus povos depende, de modo decisivo, das acções que os próprios africanos estiverem dispostos a fazer pelo continente.

Entretanto o secretário de Estado para a cooperação internacional e comunidades angolanas, do Mirex, Domingos Vieira Lopes, disse que a troca de memorando de entendimento reflecte o interesse de Angola na promoção do comercio africano em beneficio da integração do continente na economia global.

“Assim, a materialização deste ambicioso projecto de liberalização, trocas comerciais e demais projectos de investimento em África, consiste numa tarefa que incumbe aos diferentes governos africanos, e ao sector privado, que constitui o alicerce indispensável para a sustentabilidade da nossa economia”, disse, acrescentado que a realização do evento, enquadra-se nos objectivos comuns aos países africanos, de estabelecer e desenvolver uma cooperação integrada de longo prazo.

Para o Presidente do Conselho de Administração da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), António Henrique da Silva, a assinatura do memorando se constitui um instrumento útil “para a dinamização do comercio no nosso continente”.

Henrique da Silva prevê as expectativas dos empresários angolanos serem correspondidas, principalmente com o apoio do Afreximbank que “vai acelerar que nós consigamos integrarmo-nos melhor no espaço que se está a criar”. Outra vantagem, segundo O PCA da AIPEX, é o facto de o mercado africano deixar de ser visto na singularidade de cada país e ser visto no global, com “as grandes oportunidades que se abrem”.

Henrique da Silva olhou ainda para densidade demográfica dos países que integram agora a Zona de Comércio Livre Continental, para dizer que um mercado de mais de 30 milhões de habitantes tem um potencial para o cumprimento dos objectivos da criação e dinamização do mercado comum no continente africano.