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Afinal de contas, o que está acontecer com o preço do petróleo?

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Ontem, segunda-feira, 20 de Abril, foi o dia mais impressionante da história do comércio de petróleo. O West Texas Intermediate (WTI), um dos tipos de petróleo mais comercializados no mercado, despencou e entrou em território negativo pela primeira vez. Um valor praticamente impensável: -40 dólares. Como poderá uma matéria-prima assumir um valor negativo?

Isso significa que os produtores estão pagando os traders para tirarem o petróleo de suas mãos. A demanda pela commodity entrou em colapso devido à pandemia de coronavírus.

O coronavírus está provocando uma enorme queda nos preços do petróleo, em grande parte por causa de uma enorme queda na procura. Ninguém está indo a lugar nenhum, e as principais indústrias estão fechadas. O mundo inteiro está essencialmente em pausa.

A indústria do petróleo não recebeu o memorando, entretanto, e continuou a extrair mais petróleo. Isso levou a medidas extremas, como a queda do preço do Canadá e comerciantes gastando milhões de dólares por dia em superpetroleiros para guardar a mercadoria no mar. Também houve grandes cortes de produção pelo cartel da OPEP+. Mas nada disso foi suficiente diante de uma pandemia. E aqui estamos nós, com preços negativos para o petróleo.

“Resumindo, os Estados Unidos estão simplesmente ficando sem espaço para armazenar o petróleo“, disse Mark Paul, economista do New College of Florida, ao Gizmodo por e-mail. “As refinarias estão começando a recusar remessas. A falta de espaço de armazenamento, impulsionada pelo excesso de oferta, está destruindo o mercado de petróleo.”

Consequências

Este deve ser absolutamente um ponto de inflexão para a economia global. Com o comércio de petróleo abaixo de zero dólar por barril, as empresas praticamente estão praticamente implorando para serem fechadas.

Mas Mark Paul também observou que há o perigo de que este preço seja uma “sinalização para consumidores, empresas e governo consumirem cada vez mais petróleo”. Isso poderia minar as energias renováveis, que começaram a competir com o petróleo no quesito preço.

O outro risco é para a indústria de fraturamento hidráulico, uma das principais fontes de petróleo dos EUA. Este sector pode ter enormes cortes de empregos. Ele nunca foi particularmente lucrativo, dependendo de US$ 300 bilhões em dívidas alavancadas para produção futura. As margens finas evaporaram quando o preço do petróleo começou a despencar no início da pandemia. Agora, elas foram incineradas e suas cinzas flutuam em algum lugar acima do xisto de Eagle Ford, no Texas.

Mas não devemos torcer por isso. É provável que signifique que milhares de trabalhadores diretamente vinculados a esta indústria vão perder seus empregos. Isso terá repercussões nas comunidades e empresas que surgiram para atendê-los. Essa situação deve durar enquanto os preços permanecem em território negativo, ou mesmo em território positivo baixo com valores baixos.

Isso aponta para a necessidade de intervenção do governo. Uma forma possível é comprar empresas de combustíveis fósseis, uma vez que nunca estiveram tão baratas, e financiar a ajuda aos trabalhadores.

Paul também disse que agora é, paradoxalmente, um ótimo momento para criar um imposto sobre o carbono. “Precisamos conversar sobre os preços do carbono na faixa de centenas de dólares por tonelada de dióxido de carbono, juntamente com grandes investimentos ecológicos e regulamentações inteligentes para fazer a transição da economia de maneira gerenciável”, diz o economista.

“Como já argumentei em outros lugares, agora é a hora de uma grande injeção de recursos públicos em investimentos na economia verde, que é extremamente necessária. Em suma, agora é a hora de destruir a demanda de petróleo e investir em um programa de descarbonização por meio de um crash no petróleo.”

A baixa no preço médio do barril de petróleo levou governo angolano a fazer ajustes no orçamento geral do Estado.

 

C\ Gizmodo brasil

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