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Advogado de Guebuza diz desconhecer eventual mandado sobre antigo PR moçambicano
O advogado do antigo Presidente de Moçambique Armando Guebuza disse ontem à Lusa não ter conhecimento de qualquer mandado de captura emitido contra o seu cliente no âmbito da investigação sobre as chamadas dívidas ocultas.
“Que eu tenha conhecimento, não”, respondeu Alexandre Chivale quando questionado pela Lusa sobre se existe algum mandado de captura sobre o antigo chefe de Estado.
“Para dizer se é verdade ou não [que há um mandado de captura contra Guebuza], era preciso ver o mandado e tanto quanto sei não foi presente, eu não vi, só se visse é que teria alguma coisa para dizer”, vincou o advogado, acrescentando: “Não sei de onde viria esse mandado, sobre que factos, seria complicado dizer se saberia, porque enquanto desconhecendo esses dados, estaria a especular”.
A possibilidade de haver um mandado de captura internacional sobre Armando Guebuza tem sido insistentemente veiculada nas redes sociais moçambicanas, havendo alguns sites que chegaram ao ponto de elaborar uma lista de possíveis alvos destes mandados de captura, cuja veracidade não foi confirmada, até ao momento, por nenhuma entidade oficial.
A Lusa contactou o Departamento de Justiça norte-americano, equivalente ao Ministério da Justiça na generalidade dos países, pedindo mais informação sobre a existência de uma lista e sobre se foi emitido um mandado contra o antigo Presidente de Moçambique, que era chefe do Governo quando os empréstimos foram contraídos, mas não obteve resposta até ao momento.
Questionado sobre se a detenção do antigo ministro das Finanças Manuel Chang na África do Sul, esta semana, pode ser a primeira de várias ou se é um caso isolado, Alexandre Chivale disse desconhecer os termos da detenção e não poder, por isso, responder.
“O que sei é o mesmo que qualquer outro moçambicano, através dos meios de comunicação e das redes sociais, seria extremamente complicado estar a emitir opinião sobre como estes dados têm estado a ser noticiados”, disse à Lusa, quando questionado sobre se esta poderia ser a primeira de várias detenções, no âmbito da investigação que decorre em vários países e reguladores financeiros sobre as dívidas contraídas por duas empresas públicas moçambicanas sem conhecimento público, no valor de cerca de 1.200 milhões de dólares (1.050 milhões de euros).
Manuel Chang foi detido na África do Sul no dia 29 de dezembro, quando tentava embarcar para o Dubai, na sequência de um pedido de extradição expedido pelas autoridades norte-americanas.
A comunicação social moçambicana e estrangeira refere que o antigo governante, que é atualmente deputado da Assembleia da República, é acusado de conspiração para fraude eletrónica, conspiração para fraude com valores mobiliários e lavagem de dinheiro.
Manuel Chang foi ministro das Finanças de Moçambique durante o governo do Presidente Armando Guebuza, entre 2005 e 2010.
Então com o pelouro das Finanças, foi Manuel Chang que avalizou dívidas de mais de 2.000 milhões de dólares (1.760 milhões de euros) secretamente contraídas a favor da Ematum, da Proindicus e da MAM, empresas públicas ligadas à segurança marítima e pescas, entre 2013 e 2014.
A mobilização dos empréstimos foi organizada pelos bancos Credit Suisse e VTB.
Uma auditoria internacional deu conta da falta de justificativos de mais de 500 milhões de dólares (440 milhões de euros) dos referidos empréstimos, sobrefaturação no fornecimento de bens e inviabilidade financeira das empresas beneficiárias do dinheiro.