Sociedade
Adventistas do Sétimo Dia disputam gestão de colégio da igreja
A Igreja Adventista do Sétimo Dia vive um conflito interno, por um templo ter sido desassociado da denominação religiosa, e os seus membros acusados de usurpação ilegal do imóvel, situado na Samba, em Luanda, e associação criminosa. A visada defende-se dizendo que o pano de fundo do problema é a luta pela gestão do colégio B. do Advento, para a sua integração à rede de escolas adventistas no país. Para a sua construção, os fiéis da igreja local dizem ter recorrido às autoridades centrais da igreja em busca de ajuda, que entretanto, dizem lhes ter sido negada.
Documentos em posse do Correio da Kianda ilustram um clima de crispação dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que data desde 2019.
No passado dia 14 do corrente mês de Outubro, a União Nordeste de Angola da Igreja Adventista do Sétimo Dia emitiu uma nota onde explica que a 22 de Agosto do corrente ano, realizou a II Assembleia em que decidiu a remoção definitiva da irmandade adventista, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Betânia-Samba, depois de várias reuniões em que a mesma não se predispôs a cooperar.
Com a referida decisão, esclarece ainda o documento, a referida congregação deixou de ser uma igreja adventista do Sétimo Dia, e que 760 dos 836 membros, entre baptizados, anciãos e membros do Conselho estão até ao momento, sob os cuidados da missão num espaço arrendado.
Outra medida, com esta acção, é que a liderança da igreja baixou igualmente uma ordem em que orientam os grupos musicais e pregadores a se absterem de lá estar, pelo facto de “os cultos que os implicados têm vindo a realizar são ilegais”, e por isso aconselha aos membros que pregam ou realizam actividades clandestinas no referido templo a cessarem a partir daquela data.
Não obstante a essas decisões, o documento refere que a União Nordeste de Angola mantém-se aberta para com todos que demonstrarem “arrependimento genuíno”, para a sua reintegração à irmandade adventista.
Entretanto, na semana finda, os membros da Igreja de Betânia convocaram a imprensa, na sede do referido templo, sita na rua da Gamek, bairro Inorade, distrito Urbano da Samba, em Luanda, para esclarecer os factos, bem como mostrar as suas pretensões junto das autoridades eclesiásticas adventistas.
Entre os documentos que os dirigentes da Igreja de Betânia mostraram à imprensa, consta uma carta de quatro páginas e nove anexos, dirigida ao Procurador-Geral da República, onde explicam, entre outros pontos, que o problema é motivado pela pretensão da autoridade máxima da Igreja Adventista do Sétimo Dia em receber o colégio B. do Advento, para ser integrado à rede das escolas da igreja, sem que os fiéis que a construíram tenha algum poder sobre a sua gestão.
Trata-se do colégio B. do Advento, do ensino primário ao I° Ciclo de ensino, localizado no mesmo espaço da igreja, na Rua da Gamek, Distrito Urbano da Samba, registado na 2ªͣ Secção do Guiché Único da Empresa, sob o n° 3.067-15∕150611, com 11 salas de aulas e para qual trabalham 38 funcionários entre administrativos e pessoal docente.
O referido colégio, de acordo ainda com o documento que temos vindo a citar, foi construído pelos fiéis daquela igreja com o objectivo de servir a comunidade, auxiliar os mais vulneráveis da comunidade bem como servir de fonte de receitas para a conclusão do templo, cujas obras decorriam há alguns anos.
O diácono António Cateco, explica que o problema começou em 2019, quando a Missão Sul de Luanda e Cabinda da Igreja Adventista do Sétimo Dia, decidiu criar uma rede de escolas adventistas, e o Colégio em causa foi integrado à rede “de forma clandestina”, contra a vontade dos membros da igreja local.
Ao tomarem conhecimento, explica ainda, estes reclamaram junto da direção central da Igreja, que por sua vez entendeu o acto como rebelião, tendo recorrido à PGR, que terá ordenado a detenção de Manuel da Rosa, José Caholo e Matinho de Cavalo, sob acusação de crimes de usurpação de imóvel e associação e criminosa, tal como atesta o processo n° 4752∕021-K.K, de pedido comparência, datado de 28 de julho de 2021, e soltos no dia seguinte.
Na sequência destes factos, a missão sul de Luanda e de Cabinda terá emitido uma ordem a encerrar o templo “porque os membros não estavam a colaborar com a missão”.
Sobre as acusações de crimes contra os três membros daquele templo religioso, o diácono António Cateco referiu serem infundadas pelo facto de os mesmos serem membros da igreja e participantes dos cultos naquele templo há vários anos.
Diante deste facto, membros os da Igreja da Betânia pedem compreensão e diálogo das autoridades adventistas para a resolução do conflito.
“Pedimos aos nossos pastores para que olhem p´ra nós, que não há nenhuma rebelião contra eles, nós continuamos a olhar a eles como pais, apesar de tudo e dos equívocos que têm estado a acontecer, e esperamos deles para que resolvam o problema dentro da igreja e não fora da igreja como temos como estado a constatar”, rematou.