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Politica

Activistas com opinião dividida sobre líder da “Tripartida”

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Os recentes pronunciamentos do líder do maior partido na oposição em Angola, Adalberto Costa Júnior, a uma TV estrangeira, sobre o futuro líder da “cúpula” denominada “Tripartida”, que junta as formações políticas da UNITA, PRA-JA – Servir Angola e Bloco Democrático, a ser conhecido já no próximo mês, serviram como tema de debate em vários espaços de reflexão e levaram a divisão de opinião e de escolha dos líderes juvenis e actvistas angolanos, sobre quem deverá liderar a Frente Ampla da Oposição. O coordenador geral do PRA-JA, Abel Epalanga Chivukuvuku, e o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, são as principais escolhas dos entrevistados ao Correio da Kianda.

Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Justino Pinto de Andrade são os principais protagonistas da criação da Frente Ampla da Oposição, que em conjunto com alguns membros da sociedade civil, têm como principal objectivo derrubar o MPLA, partido no poder há mais de 40 anos em Angola. Então, quem deverá liderar a tripla entre “amigos e vizinhos”, conforme denominou o presidente do MPLA e da República , João Lourenço?

Para o líder da Plataforma Juvenil (RIJURA),  Nelson Miguel Francisco, o presidente da UNITA,  Adalberto Costa Júnior, é quem deve ser o líder da “tripartida”. O jovem argumenta pelo facto de ter a maior organização política dentro da “cúpula” e por se tratar do líder do maior partido na oposição:

“Não faz qualquer sentido neste momento um outro líder. Levantaria algumas críticas e até crise no seio da sociedade e do maior partido que sustenta a tripartida, dando lugar a uma onda de incertezas”.

O também antigo secretário da juventude da CASA-CE, realça que Abel Chivukuvuku é um bom político, mas “tenho plena certeza que sabe fazer leitura dos momentos e as circunstâncias em que se encontra no núcleo das organizações políticas existentes. As cedências aqui, são a chave para o sucesso e cada um deverá dentro das suas responsabilidades assumir o seu papel para a construção deste amplo movimento de salvação”, finalizou.

Já o activista Albano Bingo-Bingo, um dos jovens que estava arrolado num dos maiores processos judiciais mais polêmicos, o 15+2, na era do governo de José Eduardo dos Santos, aponta Abel Chivukuvuku como a figura política que deve liderar a Frente, de acordo com Albano, o coordenador geral do PRA-JA, mesmo sem partido continua a ser a figura mais sonante do país e, especialmente, na “Tripartida”.

Quanto ao Adalberto Costa Júnior, o activista diz que mesmo com provas documentais de renúncia da sua antiga nacionalidade portuguesa, o MPLA vai ter como bandeira para desacreditá-lo, porque a “maioria dos angolanos não tem acesso as redes sociais e os que têm tiveram acesso do documento, mas minha mãe não usa as redes sociais, por exemplo. Quem só vê a TPA, não sabe se o presidente da UNITA já não português”.

Albano diz que “se nós quisermos olhar para o país e por Angola em primeiro lugar, devemos esquecer as nossas cores partidárias“, disse e acrescenta que a tripartida,  “pode vir a ser o verdadeiro governo sombra antes mesmo das eleições de 2022“.

O activista Dito Dalí, também um dos arrolados do processo 25+2 e promotor de várias manifestações ocorridas no país, em declaração ao nosso jornal, disse que na sua opinião as duas figuras, Adalberto e Chivukuvuku, estão em condições para liderar a Tripartida: “os dois têm perfil completo que se exige“.

Mas entre os dois, o também defensor dos direitos humanos, escolhe Adalberto Costa Júnior, “não só por ser o mais novo dos três, ele tem uma dinâmica diferente do outro, tem ideias progressistas etc. ACJ conquistou simpatia da sociedade civil, dos partidos políticos e da comunidade internacional. Tem uma abordagem clara sobre o país, eloquente e articulado“.

Adilson Numbi Dias disse que “o ideal seria o Abel Chivukuvuku, porque para o jovem, o carisma do Abel é natural, sem propaganda e imposição. A forma como o Abel olha para o país, o respeito pelas instituições é de alguém que se sente na posição de líder“, sublinhou.

De acordo com o activista, Fábio Mbaxi A tripartida precisa de alguém com mais carisma e prestígio entre os eleitores, “a imagem de ACJ está um pouco desgastada, devido os constantes ataques que vêm sofrendo dentro e fora do partido, e por outra, ACJ é muito populista“.

Fábio Mbaxi, entende que “Abel Epalanga Chivukuvuku, ainda congrega muita simpatia da juventude, tem a sua imagem bem conservada, e contém ideias próprias de uma visão de país, não tem discurso populista, por isso, se a tripartida fosse para existir seria, para mim, Abel Chivukuvuku quem deve liderar“.

O antigo líder da Plataforma de Intervenção do Kilamba Kiaxi, Donito Carlos “Kaculo Kabaça Njimo”, duvida da eficácia da tripartida, porque segundo ele, “não há muita clareza quanto à participação da sociedade civil organizada“. Por isso, não acredita muito neste tipo de avanços, pois, para ele, “os políticos têm muitas coisas secretas, é preciso não confiar a alternância de regime aos partidos políticos“.

“Se houvesse uma participação pura da sociedade civil, ali sim apoiaria, e seria um organismo muito forte para certamente retirar o regime em 2022, mas assim ficaremos novamente nas lamentações“.