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Sociedade

Activista denuncia “epidemia de corrupção” no Hospital Provincial do Bengo

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O músico e activista cívico, Jaime Domingos, também conhecido como “Jaime Mc” aponta o dedo a governadora da província do Bengo, Mara Quiosa, pelo o que define como “escândalo de corrupção” e defende a redefinição de políticas para o sector da Saúde nesta região.

O representante do Movimento Revolucionário no Bengo, em entrevista ao Correio da Kianda, alertou a existência daquilo que considera uma “epidemia de corrupção e máfia de sangue” no sector de Saúde na província, atribuindo responsabilidade a governadora Mara Quiosa e ao director provincial de Saúde.

“Não se justifica que o hospital provincial rejeite doação de sangue de jovens voluntários, sem filiação partidária, que abraçam campanhas de solidariedade para salvar vidas”, apontou, sublinhando que os funcionários do serviço de saúde no Bengo, comercializam sangue, cobrando a cada paciente um valor de Kz 25 mil a 40 mil.

Para o activista cívico, os actos de corrupção no sector da Saúde do Bengo é muito assustador. Afirmando que o manifesto eleitoral do MPLA de 2017/2022 diz “corrigir o que está mal e melhorar o que está bom”.

“Na realidade nesta região tudo está mal. E o combate a corrupção aqui é uma utopia. As pessoas fazem e desfazem com o conhecimento das autoridades”, disse e completou:

“Aqui os funcionários das unidades hospitalares montaram uma máfia que realiza todo esquema de contrabando de sangue e outros meios hospitalares. Os enfermeiros e enfermeiras desviam materiais hospitalares e vendem para os pacientes e ninguém é responsabilizado”, denunciou.

Jaime Mc diz ainda que a governadora Mara Quiosa e o director provincial da saúde “têm conhecimento” deste esquema de corrupção neste sector.

“Os técnicos de saúde têm salários e não se justifica o que eles fazem. Obrigam os familiares do paciente a comprar sangue, rejeitam doadores da família e exigem que as famílias deem a eles e por sua vez, eles mesmo é que procuram um doador”, expôs alegando que “aquilo é um esquema bem traçado”.

O jovem disse ainda que o Movimento a qual faz parte já realizou “manifestações em frente ao hospital provincial, escrevemos cartas ao governo provincial na pessoa da governadora e na direcção provincial da saúde, denunciando o que se passa no hospital, até aqui nunca tivemos sucesso”.

No seu entender, não é admissível que um hospital provincial, que detém um orçamento do OGE, passa pelas mesmas dificuldades igual ou pior aos centros médicos dos bairros, tais como a falta de medicamentos, sangue, luvas, ampolas, seringas e outros tipos de fármacos básicos. “A educação e a saúde são prioridades em qualquer nação que quer desenvolver”, apontou.

Jaime Mc diz que atendendo as várias dificuldades que o sector da saúde enfrenta na província, será impossível combater a Covid-19, enquanto “não conseguirmos minimizar o problema de malária e outras doenças respiratórias crónicas”.

Também fez entender que diariamente, no Hospital do Bengo, morrem muitas pessoas, em particular as crianças por falta de sangue.

De recordar que no passado dia 06 de Julho do corrente ano, foi reinaugurado um banco de sangue, no bairro da açucareira, município de Caxito, para atender e mitigar todas as necessidades da falta de sangue a nível da província. O projecto custou do cofre de Estado um valor de nove milhões de kwanzas, para a sua reabilitação.

De realçar que os grupos de activistas do Bengo criaram uma campanha de solidariedade de doadores de sangue denominada “Um gesto seu uma vida”, que visa mobilizar e sensibilizar a juventude da província do Bengo, para ajudar a mitigar a falta de sangue nos hospitais locais.




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