Politica
ACJ tem dúvidas se Samakuva ainda pode candidatar-se a presidente da UNITA
O antigo líder da UNITA, Isaías Samakuva, cujo consulado entre outros feitos, foi marcado pelo fortalecimento do partido a nível nacional, bem como o chamado ‘engolir de sapos’, voltou forte aos holofotes três anos depois, e está a posicionar-se como um verdadeiro opositor a seu substituto. À imprensa, já disse ser contra a FPU, uma plataforma de oposição criada por Adalberto Costa Júnior, e não descura a hipótese de voltar a candidatar-se à presidência do partido.
A imprensa, combinada entre nacional e estrangeira, continua a procurar apurar objectivamente se existe conflito entre Adalberto Costa Júnior e Isaías Samakuva, seu antecessor na liderança da UNITA, bem como as razões que os levou a aparente rotura.
Não só a imprensa manifesta-se ávida por descortinar o alegado facto, como também o cidadão comum. E Isaías Samakuva, na perspectiva de diferentes observadores, é o principal responsável por toda esta agitação.
Depois da fuga aos holofotes e o silêncio a que se submetera desde finais de 2019, altura em que saiu da liderança do partido (regressou em 2021 por decisão do Tribunal Constitucional, mas voltou a afastar-se no mesmo ano), retornou às câmaras como líder da recém-criada Fundação Jonas Savimbi, tendo no mesmo dia da apresentação em conferência de imprensa proferido declarações que acabaram por estremecer a direcção da UNITA.
Rejeitou a ideia de que o Presidente João Lourenço não recebe o líder da oposição por pura má-fé, e deixou nítida a convicção de que é Adalberto Costa Júnior quem pouco faz para ser recebido no Palácio Presidencial, dado que não endereça nenhum pedido de recepção.
Numa acção de pura agenda devidamente coordenada, Isaías Samakuva desdobrou-se em entrevistas em rádios de audiências significativas. À Rádio Ecclésia, um órgão de comunicação social católico, Isaías Samakuva deixou implícito que pode voltar a candidatar-se a presidente da UNITA, depois de ter administrado o partido por quase duas décadas, precisamente de 2003 a 2019.
E mais: revelou à Rádio MFM, que é contra a criação da Frente Patriótica Unida (FPU), uma plataforma política criada por Adalberto Costa Júnior, e que alberga a UNITA (enquanto líder), o Bloco Democrático e o projecto político PRA-JA de Abel Chivukuvuku.
Foi com a referida plataforma política que a UNITA conseguiu evitar significativa dispersão de voto, dado que muitos militantes, simpatizantes e amigos do BD e PRA-JA, a princípio, depositaram o voto à UNITA, enquanto o rosto da organização.
Entretanto, questionado pela imprensa sobre todo este imbróglio, Adalberto Costa Júnior, que após um acto político de massas, no Kuito, anuiu aos pedidos de entrevistas, manifestou certo cepticismo quanto a possibilidade de Isaías Samakuva ainda poder vir a candidatar-se, tendo em conta a determinação estatutária.
“A UNITA não está em campanha [eleitoral interna], quando chegar este período, nós temos documentos reitores, temos estatutos, os nossos estatutos por exemplo, dizem que só se pode candidatar a liderança do partido quem fez até dois mandatos no máximo, não sei o que é que os juristas depois vão decidir, mas é uma questão que foi deliberada neste congresso cujo organizador foi o próprio ex-presidente Samakuva”, referiu Adalberto Costa Júnior, que, entre outras observações, recusou que o seu partido esteja a vivenciar uma crise.
Já em relação à FPU, que o seu antecessor diz não estar de acordo com a sua concepção, Adalberto Costa Júnior referiu que a UNITA “tem instituições que decidem seus programas estratégicos”, e que a plataforma resultou de uma escolha dos delegados ao congresso de 2021.
“[A FPU] foi votada no momento [congresso], não caiu do céu. Os congressistas foram chamados a decidir qual era o programa estratégico do partido, portanto, se tem uma voz que não concorda, paciência”, rematou o líder da UNITA, que continua a não esconder preocupação face à Fundação Jonas Savimbi.