Opinião
A UNITA e a amnistia
Estamos muma fase formidável, de novidades e assuntos bons de se falar e debater: Deputados a serem tratados como meros mortais; num verdadeiro contrasenso a ideia de terem sido escolhidos para a especial e nobre função de representar o povo. Com todas naturais interrogações sobre a legalidade dos actos a mistura, a verdade é que pelo menos dois deputados, como se diz no português mais arruado, “perderam rede”. Ambos ouvidos e constituídos arguidos, sendo que um, segundo boca pequena, foi inclusive barrado de sair do país quando já se encontrava no avião.
A história é uma espécie de segundo capítulo da “série” combate a corrupção, e garantia de que ninguém está acima da lei. Mas nessa, ao contrário das normais histórias televisivas, o bandido não é simplesmente largado a morte ou a punição, já que a punição ou detenção do mesmo, pode levar a um descrédito do artista. Por não ter sido detido directamente por si.
É estranho fazer essa analogia, mas não é apenas estranho, é confuso. Mais confuso que isso, só mesmo o que efectivamente aconteceu:
A UNITA que tanto se bateu na luta contra a corrupção e tanto defendeu a punição exemplar dos tais corruptos, com destaque por exemplo, para o seu voto contra a aprovação da lei de repatriamento de capitais, por achar demasiado branda e portanto incapaz de efectivamente punir os prevaricadores… Normal!
O tempo passa, e o Executivo vai dando efectivos sinais de realmente querer punir os ditos prevaricadores, e começa o anormal, a UNITA, a mesma que ontem disse que o executivo nada ou quase nada fazia para combater os males, vem a público e defende uma amnistia para os mesmos tais que ontem não mereciam qualquer tipo de clemência.
É tão anormal que só pode ser encarado como atitude meramente política. Só cabe a ideia de a UNITA estar a fazer o normal da política, opor-se e tentar mostrar outro caminho que como é natural, pode ser válido para alguns.
É aceitável? Pode até ser aceitável. Política é isso, mostrar caminho alternativo ao que a posição segue. Até porque não se agrada a todos e, é portanto natural que as escolhas da posição não agradem a todos. Pode soar estranho, mas é verdade. Entretanto, esaa atitude de mudar de estratégia, em função da leitura do momento ou simplesmente pela ideia de fazer política e opor-se a posição, tem sempre o custo de meter em cheque aquilo que é a capacidade que a UNITA tem para manter um posicionamento.