Opinião
A salvação que faz mal (É tudo do Estado)
A dieta está programada. Como uma pessoa que luta para lutar para perder peso e nada mais pode fazer senão cortar na alimentação seguindo rigorosamente a dieta que não sendo agradável, é a única réstia de esperança e fé na melhoria.
É assim, tal qual uma pessoa a lutar para emagrecer que o nosso Estado vai seguindo a receita, fazendo a dieta. No caso da nossa Angola, com todas as diferenças, a questão tem sido cortar nas despesas, cortar onde dar para cortar, o fim último, tal como do gordinho, eliminar as gorduras e assim, ficar mais saudável e até mais ágil e hábil para determinadas actividades.
Se o gordinho segue a dieta a risca e exercita o corpo, o Estado vai evitando os gastos, sejam directos, sejam indirectos. É assim que se opta por cortar a participação do Estado nas empresas. Ou seja, aí onde ele não é totalmente necessário. Até aí, tudo bem, a maka começa quando na ideia de seguir as “recomendações médicas”, o Estado e todos nós percebemos que ao ir ao encontro do correcto abre uma verdadeira autoestrada para o surgimento de outros problemas. E tudo porque parece mentira, mas, o Estado está presente em todas as empresas que podíamos imaginar, na verdade, até n’algumas que nem imaginaríamos (é tudo do Estado). E aí está o problema: É que a retirada do Estado destas empresas pode levar uma baixa considerável do seu capital e da sua capacidade para se manter no mercado. E isto ainda é a melhor parte do problema. Se pensarmos que poderá a retirada do Estado originar uma onda de despedimentos, o cenário fica assustador. Pois fica, mas pior que isso, é que o cenário não é apenas imaginário. A saída do Estado das mais de 30 empresas vai como é natural levar a cortes nas mesmas, e estes cortes vão quase que inevitavelmente consubstanciar em despedimentos.
Despedimentos que vão resultar em empobrecimento de famílias e indirectamente empobrecimento do Estado, através da diminuição da capacidade de arrecadação, pelo menos no que a impostos de trabalho diz respeito. Este é o complexo paradoxo que “seguir a dieta” representa para Angola. É caso para dizer que para Angola, o que lhe salva a vida é o mesmo que lhe faz mal a saúde.
Aldir Sambimbi
21/08/2019 em 10:13 am
Caro Ladislau, gostaria de acrescentar à tua reflexão o seguinte: A perda de emprego não vai acontecer, vai sim haver e se tudo correr como planeado, uma espécie de optimização do emprego.
Traduzindo, o posto de emprego será sempre preenchido por alguém (funcionário adequado para aquele lugar) que irá receber um salário, que irá consumir bens e serviços da economia, que irá sustentar à sua família e que naturalmente irá pagar os impostos ao Estado.
Agora, quem irá perder esse posto de emprego? Será aquele funcionário da Administração Municipal incompetente, mixeiro, faltoso, amiguinho ou compadre do chefe, e etc. Esse sim é que deve deixar o posto de emprego vago para que alguém interessado no desenvolvimento do país.