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Análise

A necessária reconfiguração política no MPLA

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Nos últimos dias temos assistido uma excessiva agitação nos corredores dos camaradas, por um lado provocado pela actual situação em que estamos a viver da pandemia Covid – 19, e, somado a isto o facto da baixa do preço do barril do petróleo afectar o orçamento geral do Estado, originando assim uma queda acentuada nas receitas publicas, e consequentemente o corte na despesa publica.

Mas por outro lado, vemos e sentimos alguma desarticulação estratégica que tem inviabilizado a máquina administrativa de puder ser sustentável pelo menos em termos de organização, planificação, e execução dos vários dossiês.

O presidente do MPLA João Lourenço, procurou a partir do seu discurso orientar novos padrões éticos com a narrativa do inequívoco combate a corrupção, e isto não foi alcançado por motivos de exposição pública que colocava altos dirigentes do partido envolvidos em interesses económicos dos vários sectores da governação.

Daí ser visto um problema que atenta contra a ética, mas que esta não pode ser atendida por legislação. Este argumento veio demostrar que embora o partido tenha conduzido uma campanha de moralização da sociedade, ainda assim não foi um exercício político eficaz. É o MPLA que tinha de se auto avaliar começando por se responsabilizar e não fazer da sociedade uma cumplicidade do descalabro da governação.

Com o último congresso extraordinário do partido e com o processo de rejuvenescimento etário levada a cabo pela nova direcção, surgiram novas expectativas na medida em que se dizia que estavam a entrar jovens mais capazes tecnicamente , logo isto se tornaria no principal activo pelo menos em termos de competências para o partido obter um melhor desempenho.

Apesar de ter se registado um aumento significativo de mais jovens, quer em sede do Bureau Político, e do Comité Central respectivamente, a transição geracional não foi acompanhada com a transferência de capital político, o que se sente numa necessidade de algum reajustamento táctico.

Nas nossas fontes para obtenção de consulta e de análise política, procuramos estudar e compreender o actual contexto em que se encontra o partido dos camaradas:

Temos uma direcção do MPLA que ficou totalmente dependente do presidente do partido João Lourenço, que afinal para além do discurso do combate a corrupção, o partido já não tem uma agenda diversificada e que seja viável de forma natural. Para além das acções de iniciativas mobilizadoras, não se vislumbram actos de penetração política que possam cativar a classe média e os jovens.

As redes sociais expuseram o partido, mais, infelizmente a maquina partidária não tem sabido estar a altura dos novos tempos, estando alguns órgãos dedicados em trabalhos de agitação política.

A comunicação política do partido não é fluída e torna quase uma presença “invisível” o actual secretário para informação, que se confundiu a sua profissão de jornalista com uma exigência política e ideológica pelo qual não se sente. É aqui onde reside umas das maiores fragilidades do partido.

Chegados até aqui temos a considerar que o debate político não está a ser protagonizado pelas figuras da direcção do partido, no caso os membros do seu Secretariado do BP. Os debates televisivos, como é o  caso do espaço mais mediático das Televisões e Rádios, deveriam ser representados pelas principais figuras do partido, pois as função de um secretário geral, ou de um vice presidente do partido, são funções de combate político efetivo na ausência do presidente do partido.

Norberto Garcia está a fazer um trabalho que se destina a uma função de secretário geral , aliás o seu oponente, Raul Danda, vem revestido de uma alta função partidária, no caso primeiro ministro do governo sombra da UNITA.

Norberto Garcia está a assumir o debate publico individualmente em nome do partido, quando por sinal não é membro da  direcção do MPLA.

O MPLA precisa de novos estrategas no partido, pessoas que pensam actividade política, e toda a sua estratégia de influência social, esta é uma dimensão intelectual que era no passado desenvolvida pelo Jú Martins aquém é considerado um dos maiores ideólogos do partido. O rejuvenescimento que o presidente João Lourenço, na qualidade titular do poder executivo fez ao nível dos seus auxiliares , deveria complementar em sede dos órgãos partido, mas o dilema é mesmo a raridade de se encontrar possíveis ajustes que possam ser mais capazes no plano das ideias políticas.




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