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Opinião

A luta hegemônica

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Já ninguém poderá dizer que são os analistas, cidadãos, ou até a imprensa estrangeira que estão a boicotar e a trazer confusão no partido que sustenta o executivo. De facto as coisas não andam bem no seio do MPLA e qualquer tentativa de se menosprezar esta realidade poderá ser prejudicial não apenas para o MPLA, más também para o desafio de internamente os camaradas encontrarem as melhores soluções de ultrapassar os desânimos, ou até mesmo os desencontros no propósito de uma agenda ideologicamente beliscada pelas intenções hoje desconectadas.

Depois de ter ouvido a conferência de imprensa feita pelo ex presidente da República, José Eduardo dos Santos, só posso concluir que a ruptura é evidente, e não me parece sensato e estrategicamente conveniente que o MPLA ignore tamanha dualidade de percepção desta crise que se esta a instalar não só no partido , más que poderá ter repercussão a nível do aparelho de estado.

Estamos perante a uma fragmentação que vai conduzir a descontinuidade dos programas do actual executivo, pois entendamos rigorosamente e sem fanatismo que as palavras proferidas hoje pelo ex-presidente são um desmentido, e aqui surge a gravidade da réplica feita pelo facto de querer obrigar o actual presidente João Lourenço a vir se pronunciar em sua defesa.

Não é prudente e tão pouco institucional que o presidente João Lourenço venha responder as declarações proferidas pelo ex-presidente da República, mas, que sejamos politicamente honestos em reconhecer que isso poderá criar mal estar e até produzir alguma falta de legitimidade para o exercício da acção governativa.

Estas declarações não foram feitas por um cidadão qualquer ou por agentes da participação pública no caso a chamada sociedade civil e nem foi um jornalista cujo o trabalho de investigação é feito nestes moldes de fiscalização. Ouvimos de um ex-presidente da República e ex-líder do MPLA que durante muitos anos conduziu a máquina do Estado.

Tenho sentido algum debate de raiva, frustração ou até mesmo populista da parte de alguns intelectuais ou figuras de alta distinção da nossa sociedade. Este momento pede muita ponderação na análise política e remete a uma lógica de argumentação fora dos lugares comuns de apreciação que mais se tem desenvolvido por sentimentos de defesa quase irracional. É preciso analisarmos a viabilidade da governação e o debate deve ser reorientado nesta perspectiva para que o foco do propósito seja almejado levando as políticas públicas ao encontro das populações desfavorecidas.

Eu fiz o desafio de ver agora nesta luta hegemônica causada pelos antagonismos no epicentro do poder em vermos os debates internos que se pedem nesta difícil encruzilhada dentro do partido que tem a exclusiva responsabilidade de governar e resolver os problemas das populações.

Dois factos políticos mediáticos aconteceram por um lado o presidente da república João Lourenço fez ao seu estilo as inesperadas revelações na recente entrevista ao jornal o Expresso, e hoje tivemos a objectiva resposta do ex-presidente José Eduardo dos Santos, ainda não me interessa questionar de que lado estará a razão da exposição das contas públicas, somente prefiro observar as implicações destas intervenções e colocá-las no plano de soluções para que não se tenha um clima de ingovernabilidade insustentável e me parece ser possível este perigo pelo facto deste curioso ” combate ” ser travado dentro do MPLA e os sinais crescentes de moradia ao nível dos órgãos do estado. Há aspectos que se fossem evitados não se chegaria a este perigo eminente de desarticulação no MPLA era apenas suficiente que a transição fosse discutida com transparência e democracia não teríamos este problema hoje gerado e só ganhou relevância porque o espírito não foi devidamente concertado como por exemplo a falta de concertação e a consequência das medidas de reformas de caracter extremistas que originaram o desconforto de grupos económicos influentes que se encontram a margem do poder político.

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